segunda-feira, 23 de março de 2020

3º colegial - História - O Movimento Nazi-Fascista


O MOVIMENTO NAZI-FASCISTA

Apregoando um intenso fervor nacionalista, o movimento fascista (do latim fascio = feixe), surgido em 1919, logo após o findar da Primeira Guerra Mundial, transformou-se num fenômeno político internacional. Tendo seu epicentro na Itália, mergulhada em profunda crise socio-política, dali o fascismo, tornado-se hegemônico sobre os demais partidos da ultra-direita, expandiu-se, com maior ou
menor  presença, por quase todo o mundo. No entanto, em cada lugar em que se organizou assumiu uma denominação, um líder é uma simbologia própria, que diferia das demais agremiações da mesma ideologia.

A MILITARIZAÇÃO DA POLÍTICA

Nó início os seus militantes e principais quadros partidários foram largamente preenchidos por ex-combatentes, por veteranos da Primeira Guerra Mundial, que se sentiram frustrados, excluídos, quando não traídos pelos governos do após-guerra.
Dai entender-se que tanto os chefes do movimento nazi-fascista (como Hitler e Mussolini) como seus seguidores mais próximos serem oriundos das trincheiras, e que, mesmo na paz, continuavam usando uniforme e celebrando a vida de soldados.
Comportavam-se eles como se ainda estivesse entre seus camaradas no fronte de guerra. O fascismo foi, portanto, uma militarização da política, a transposição para a vida civil dos hábitos e costumes adquiridos por uma geração inteira de europeus que passaram quatro anos da sua existência condicionados pela brutal experiência de uma guerra terrível.   
Essa experiência militar deles fez com que os partidos fascistas não somente usassem uniforme e obedecessem ao seu chefe do mesmo modo que os soldados seguem o seu general, como entendessem a política como um campo de batalha, na qual seus adversários não era vistos como rivais num quadro eleitoral, mas sim inimigos a serem encarcerados ou eliminados no futuro. A militarização da vida política, com o partido organizado como fosse um regimento do exército, disciplinado e obediente à
uma hierarquia, teve como conseqüência a determinação deles de submeterem a sociedade civil por inteiro as regras militares. O que conduziu a que levassem a quartelização da sociedade por inteiro. Entendiam que travavam agora, finda a guerra, uma batalha para salvar a pátria, a sua pátria, ameaçada pela subversão comunista (inspirada na revolução bolchevique que ocorria, desde 1917, na Rússia), e pela debilidade da democracia liberal, incapaz de concentrar a energia necessária para retirar a nação da profunda crise econômica e moral com que saíra da guerra.

DIFUSÃO PELO MUNDO

As ruas de Roma, de Munique, de Berlim, de Madri e até do Rio de Janeiro, enchiam-se de desfiles cívicos de militantes que marchavam, embandeirados, aos sons marciais, enaltecendo o nacionalismo e os valores pátrios que, segundo os fascistas, foram esquecidos ou abertamente traídos no período do pós-guerra. Cada organização fascista tinha o seu símbolo, sua cor seu líder absoluto: um chefe, um duce, um führer um caudilho, um chefe, que comandava seus homens como um general em tempo de guerra, e a quem seus seguidores devotavam verdadeira idolatria, considerando-o uma espécie de salva-pátria. Obviamente que os fascistas detestavam a democracia.

OBJETIVOS POLÍTICOS E RACIAIS

Tinham os nazi-fascistas como objetivo maior, deter a subversão social representada pelo comunismo. O nazi-fascismo transformou o bolchevismo no seu inimigo de morte os comunistas não-soviéticos eram vistos como meros agentes a serviço do domínio mundial daquela potência. Pode-se dizer que o fascismo assumiu - uma conotação mais radical exatamente nos países ou nas sociedades que se sentiam mais vulneráveis a uma revolução comunista. Naquelas em que a hierarquia social, os valores tradicionais e o
ordenamento das classes, estavam mais sujeitos a serem derrubados. E onde, no. passado recente, a frustração ou a humilhação nacional sofrida na guerra ainda não fora esquecida.
O nazismo, a vertente alemã do fascismo, elegeu ainda, como seu pior adversário, além dos já citados comunistas, os judeus. Seguidores da tradição anti-semita européia, atribuíam a eles todas as desgraças e vexações porque, a Alemanha passara (a direita alemã debitou à derrota de 1918 aos comunistas e aos judeus que teriam dado “uma punhalada nas costas” do país). O violento anti-semitismo dele e sua política de defesa da eugenia - a obsessão pela pureza racial do homem ariano fez com que os nazistas terminassem por ordenar, entre 1939-45, o maior massacre de seres humanos até hoje registrado na história: o holocausto de todos os judeus europeus e o extermínio de todos aqueles que, segundo eles, “levavam uma vida indigna de ser vivida” (os loucos, menores excepcionais, portadores de males genéticos, idosos senis, etc.).

A ARTE DA PROPAGANDA

Divulgar ao máximo os ideais do nazismo. Essa foi uma das principais estratégias de Hitler para atingir o poder. Em Minha luta, ele já abordava a questão da propaganda, que, para ele, deveria ser popular e emotiva. Ele desenvolveu uma “teoria da oratória” segundo a qual tudo (os gestos, a voz, o local) tinha de ser preparado com cuidado para emocionar o povo.
As massas, segundo Hitler, eram incapazes de muita compreensão. Por isso, um discurso deveria conter uma ou duas idéias, as quais deveriam ser explicadas sob as mais variadas formas até a plena compreensão dos ouvintes. Deveria também ser curto, para não cansar. Por último, deveria ser maniqueísta, opondo o bem ao mal, pois assim era a visão das massas.
Dessa forma, nos discursos e na propaganda, não era necessário estabelecer diferenças entre socialistas, liberais, social-democratas e comunistas. Dizia-se que todos eram inimigos da Alemanha, representavam o mal e deveriam ser combatidos.
Joseph Goebbels, ministro da Propaganda a partir de 1933, foi um dos mais úteis colaboradores de Hitler. Na verdade, os nazistas elaboraram uma síntese cuidadosa de todas as técnicas de manipulação de opinião até então existentes, utilizando-se de recursos da ciência, da religião e da arte.
As fontes eram variadíssimas: da ancestral mitologia germânica até elementos litúrgicos do catolicismo, incluindo o estudo da psicologia de massas e as técnicas de agitação comunistas. Enfim, procurava-se condicionar homens e mulheres, de modo a transformá-los em autômatos do Estado. Mais do que isso, tentava-se criar indivíduos integrados a um projeto muito maior do que eles, a um Estado forte, poderoso e controlador de todos os atos, individuais ou coletivos.
Desse modo, os cidadãos alemães se sentiam participando do processo de recuperação do país, além de protegidos e irmanados numa mesma luta, pelos mesmos ideais. O cidadão mais humilde podia se sentir parte de um bloco útil, indestrutível e coeso.
Os comícios espetaculares eram realizados preferencialmente no início da noite. Um mar de bandeiras, jogos de archotes, musicas envolventes e canhões de luzes (como nos shows dos dias de hoje) hipnotizavam os seguidores do Fuhrer.
Ele chegava, discursava, levava a multidão à histeria e desaparecia, pois o mito não deveria permanecer por muito tempo no mundo dos simples mortais. Nas manifestações diurnas, Hitler chegava de avião, como se fosse um deus pousando entre os seus seguidores.

A IDEOLOGIA NAZISTA

A ideologia nazista — vista em seus termos mais gerais — se baseava no conceito de nação. Ela rejeitava a sociedade liberal e a democracia, que gerariam divisões internas e o enfraquecimento
dessa nação. Para que tal enfraquecimento da coletividade não ocorresse, seria fundamental a existência de um Estado forte, capaz de fazer prevalecer os interesses coletivos sobre os individuais. Tal Estado se encarnaria num grande líder, ser infalível e perfeito, que se comunicaria com o povo por meio do partido único, o Partido Nazista. Este deveria enquadrar hierarquicamente a sociedade, pois o poder e as ordens deveriam vir sempre de cima, emanando, em princípio, da figura do líder. Ele seria, dessa forma, a encarnação do todo coletivo, ao qual cada indivíduo deveria submissão e obediência cega.
O que se disse anteriormente aplica-se, em princípio, aos diferentes fascismos (italiano, francês, espanhol, etc.). O nazismo acrescentou a essa base geral dois elementos que vão dar a ele um caráter
bastante diferenciado em relação aos demais movimentos: o racismo e o anti-semitismo.
Na visão nazista de mundo, a base de todas as coisas era a luta pela vida. Nessa luta, a raça mais forte estava destinada a vencer e superar as outras. O que, porém, determinava a maior ou menor força de uma raça? Não seria o número nem a engenhosidade, mas sim a pureza.
Hitler e seus seguidores identificavam na Alemanha pré-nazista uma raça em decadência, devido à mistura com etnias inferiores e à entrada de ideologias estrangeiras — como o liberalismo e o marxismo —, que enfraqueciam a cultura germânica. Para salvar a Alemanha do abismo, o nazismo se propunha a depurá-la e a purifica-la, recuperando a força da antiga raça branca pura, a “raça ariana”,
da qual os alemães seriam os grandes herdeiros.
Após essa recuperação, a nação e a raça alemãs estariam novamente fortes e poderiam iniciar a sua grande obra: o domínio das raças inferiores da Europa e talvez do mundo todo, iniciando a era da civilização ariana.
Em resumo, a ideologia nazista se baseava na luta racial, no culto à força e ao poder, na submissão do indivíduo ao Estado, na primazia do emocional sobre o racional. O que dava coerência às teorias nazistas, contudo, era um outro aspecto de sua ideologia, talvez o mais conhecido: o anti-semitismo.
O nazismo tinha, de fato, uma concepção delirante: se os arianos representavam a luz do mundo, os judeus simbolizavam o mal.
Dificil de ser comprovada, essa visão animava Hitler e seus adeptos: todo o mal do mundo se originaria dos judeus. Eles seriam responsáveis pelas ideologias antiarianas, como o liberalismo e o comunismo, além de haver causado a derrota alemã na Primeira Guerra e contaminado a raça branca. A sobrevivência dessa raça dependeria da derrota dos judeus. Como se pode ver no filme A lista de Schindler (dirigido por Steven Spielberg em 1993) e em documentários da época, esse anti-semitismo foi levado a extremos horripilantes, como o massacre programado dos campos de extermínio.
Foi a partir dessa doutrina que o nazismo pretendeu criar um “novo homem” alemão, uma nova Alemanha e uma renovada e superior raça dominante. Isso nos leva ao mundo da cultura nazista.


O “NOVO HOMEM” NAZISTA

O novo homem nazista era um indivíduo que deveria diferir de todos os que o antecederam e representar o melhor da raça germânica. Para conhecer como foi levada a cabo a tentativa de cria-lo, talvez o melhor caminho seja o estudo das instituições em que o nazismo acreditava estarem seus melhores representantes: as tropas de choque AS e SS.
Nascidas com o nazismo para os combates de rua contra os inimigos do partido, as AS sempre constituíram modelo de força, agressividade, heroísmo e camaradagem. Dentro de suas fileiras, o homem encontraria disciplinam, companheiros fiéis e um espírito de sacrifício que daria sentido a sua vida. Individualmente, os milicianos AS nada valiam, mas coletivamente representavam, até seu colapso em 1934, o que deveria ser o homem nazista.
As SS sofisticaram ainda mais esse papel de força de elite do nazismo. Seu milicianos cultivavam uma mística de grupo especial, escolhido por Deus para servir à “raça ariana” e à Alemanha. Assim como os AS, eles valorizavam a lealdade e a bravura, o espírito de sacrifício, a obediência cega e automática ao chefe. Considerado a elite da elite ariana, deveriam cumprir todas as tarefas que lhes fossem confiadas, ainda que isso implica-se – como de fato implicou – a morte de milhões de pessoas.
Outros aspectos da civilização nazista poderiam ser abordados, como a criação de uma “ciência ariana” que deveria introduzir a ideologia nazista em todos os campos do conhecimento, ou a idealização da vida rural, na qual os camponeses eram visto, miticamente, como a reserva moral da raça alemã. Seriam pontos interessantes, mas gostaríamos de chamar a atenção do leitos para outro aspecto do nazismo. Nas páginas anteriores, fizemos alusão ao “novo homem” nazista. A palavra “homem” utilizada aqui não é sinônimo de espécie humana, mas se refere apenas ao macho da espécie, ao homem, ao gênero masculino. E as mulheres?
Toda a cultura e a arte nazista eram projetadas para dignificar a mulher, mas apenas um tipo especial de mulher: a mãe, a reprodutora. Em quadros, filmes e livros, a imagem é sempre a mesma: mulheres loiras, quase sempre camponesas, com todos os atributos da beleza e da feminilidade, voltadas sempre para o que o regime considerava a missão das nazistas: cuidar do lar e da casa para o marido envolvido no mundo do trabalho e da guerra e providenciar o nascimento contínuo de arianos para substituir os caídos em combate. Leis, condecorações, prêmios, tudo foi usado para convencer a mulher alemã de seu destino e de seu dever: colaborar, com filhos, para a política demográfica do regime e, assim, dar o seu quinhão para a glória e a sobrevivência da “raça ariana”.
Os arianos: denominação “ariano” tradicionalmente se refere aos antigos povos que teriam formado a população da Europa, de parte da Índia e da antiga Pérsia e que, até hoje, falariam línguas aparentadas. Na mitologia nazista, contudo, a idéia era a de que os arianos seriam os fundadores da raça branca e uma das obsessões da ciência do regime era determinar justamente o ponto exato de seu surgimento.



EXERCÍCIOS


1-      O que apregoava o nazi-fascista?
2-      Quem eram no inicio os militantes do partido nazi-fascista?
3-      Como se coportavam os militantes do partido nazi-fascista?
4-      Qual era o objetivo maior do partido nazi-fascista?
5-      Qual era o outro objetivo da vertente alemã?
6-      Qual era a estratégia de Hitler quanto a propaganda?
7-      Fale sobre a teoria da oratória.
8-      O que pensava Hitler sobre as massas?
9-      Como eram os comícios?
10-   Fale sobre a ideologia nazista.
11-  Qual era a visão nazista de mundo?
12-   Como era o novo homem nazista?
13-   Como surgiu a AS e a SS?
14-   Qual o papel da mulher na sociedade nazista?
15-  Qual era a denominação de ariano?


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