O MOVIMENTO
NAZI-FASCISTA
Apregoando um intenso fervor nacionalista, o movimento
fascista (do latim fascio = feixe), surgido em 1919, logo após o findar da
Primeira Guerra Mundial, transformou-se num fenômeno político internacional.
Tendo seu epicentro na Itália, mergulhada em profunda crise socio-política,
dali o fascismo, tornado-se hegemônico sobre os demais partidos da
ultra-direita, expandiu-se, com maior ou
menor presença, por
quase todo o mundo. No entanto, em cada lugar em que se organizou assumiu uma
denominação, um líder é uma simbologia própria, que diferia das demais
agremiações da mesma ideologia.
A MILITARIZAÇÃO DA
POLÍTICA
Nó início os seus militantes e principais quadros
partidários foram largamente preenchidos por ex-combatentes, por veteranos da
Primeira Guerra Mundial, que se sentiram frustrados, excluídos, quando não
traídos pelos governos do após-guerra.
Dai entender-se que tanto os chefes do movimento
nazi-fascista (como Hitler e Mussolini) como seus seguidores mais próximos serem
oriundos das trincheiras, e que, mesmo na paz, continuavam usando uniforme e
celebrando a vida de soldados.
Comportavam-se eles como se ainda estivesse entre seus
camaradas no fronte de guerra. O fascismo foi, portanto, uma militarização da
política, a transposição para a vida civil dos hábitos e costumes adquiridos
por uma geração inteira de europeus que passaram quatro anos da sua existência
condicionados pela brutal experiência de uma guerra terrível.
Essa experiência militar deles fez com que os partidos
fascistas não somente usassem uniforme e obedecessem ao seu chefe do mesmo modo
que os soldados seguem o seu general, como entendessem a política como um campo
de batalha, na qual seus adversários não era vistos como rivais num quadro
eleitoral, mas sim inimigos a serem encarcerados ou eliminados no futuro. A
militarização da vida política, com o partido organizado como fosse um
regimento do exército, disciplinado e obediente à
uma hierarquia, teve como conseqüência a determinação deles
de submeterem a sociedade civil por inteiro as regras militares. O que conduziu
a que levassem a quartelização da sociedade por inteiro. Entendiam que travavam
agora, finda a guerra, uma batalha para salvar a pátria, a sua pátria, ameaçada
pela subversão comunista (inspirada na revolução bolchevique que ocorria, desde
1917, na Rússia), e pela debilidade da democracia liberal, incapaz de
concentrar a energia necessária para retirar a nação da profunda crise
econômica e moral com que saíra da guerra.
DIFUSÃO PELO MUNDO
As ruas de Roma, de Munique, de Berlim, de Madri e até do
Rio de Janeiro, enchiam-se de desfiles cívicos de militantes que marchavam,
embandeirados, aos sons marciais, enaltecendo o nacionalismo e os valores
pátrios que, segundo os fascistas, foram esquecidos ou abertamente traídos no
período do pós-guerra. Cada organização fascista tinha o seu símbolo, sua cor
seu líder absoluto: um chefe, um duce, um führer um caudilho, um chefe, que
comandava seus homens como um general em tempo de guerra, e a quem seus seguidores
devotavam verdadeira idolatria, considerando-o uma espécie de salva-pátria.
Obviamente que os fascistas detestavam a democracia.
OBJETIVOS POLÍTICOS E
RACIAIS
Tinham os nazi-fascistas como objetivo maior, deter a
subversão social representada pelo comunismo. O nazi-fascismo transformou o
bolchevismo no seu inimigo de morte os comunistas não-soviéticos eram vistos
como meros agentes a serviço do domínio mundial daquela potência. Pode-se dizer
que o fascismo assumiu - uma conotação mais radical exatamente nos países ou
nas sociedades que se sentiam mais vulneráveis a uma revolução comunista.
Naquelas em que a hierarquia social, os valores tradicionais e o
ordenamento das classes, estavam mais sujeitos a serem
derrubados. E onde, no. passado recente, a frustração ou a humilhação nacional
sofrida na guerra ainda não fora esquecida.
O nazismo, a vertente alemã do fascismo, elegeu ainda, como
seu pior adversário, além dos já citados comunistas, os judeus. Seguidores da
tradição anti-semita européia, atribuíam a eles todas as desgraças e vexações
porque, a Alemanha passara (a direita alemã debitou à derrota de 1918 aos
comunistas e aos judeus que teriam dado “uma punhalada nas costas” do país). O
violento anti-semitismo dele e sua política de defesa da eugenia - a obsessão
pela pureza racial do homem ariano fez com que os nazistas terminassem por
ordenar, entre 1939-45, o maior massacre de seres humanos até hoje registrado
na história: o holocausto de todos os judeus europeus e o extermínio de todos
aqueles que, segundo eles, “levavam uma vida indigna de ser vivida” (os loucos,
menores excepcionais, portadores de males genéticos, idosos senis, etc.).
A ARTE DA PROPAGANDA
Divulgar ao máximo os ideais do nazismo. Essa foi uma das
principais estratégias de Hitler para atingir o poder. Em Minha luta, ele já
abordava a questão da propaganda, que, para ele, deveria ser popular e emotiva.
Ele desenvolveu uma “teoria da oratória” segundo a qual tudo (os gestos, a voz,
o local) tinha de ser preparado com cuidado para emocionar o povo.
As massas, segundo Hitler, eram incapazes de muita
compreensão. Por isso, um discurso deveria conter uma ou duas idéias, as quais
deveriam ser explicadas sob as mais variadas formas até a plena compreensão dos
ouvintes. Deveria também ser curto, para não cansar. Por último, deveria ser
maniqueísta, opondo o bem ao mal, pois assim era a visão das massas.
Dessa forma, nos discursos e na propaganda, não era
necessário estabelecer diferenças entre socialistas, liberais,
social-democratas e comunistas. Dizia-se que todos eram inimigos da Alemanha,
representavam o mal e deveriam ser combatidos.
Joseph Goebbels, ministro da Propaganda a partir de 1933,
foi um dos mais úteis colaboradores de Hitler. Na verdade, os nazistas
elaboraram uma síntese cuidadosa de todas as técnicas de manipulação de opinião
até então existentes, utilizando-se de recursos da ciência, da religião e da
arte.
As fontes eram variadíssimas: da ancestral mitologia
germânica até elementos litúrgicos do catolicismo, incluindo o estudo da
psicologia de massas e as técnicas de agitação comunistas. Enfim, procurava-se
condicionar homens e mulheres, de modo a transformá-los em autômatos do Estado.
Mais do que isso, tentava-se criar indivíduos integrados a um projeto muito
maior do que eles, a um Estado forte, poderoso e controlador de todos os atos,
individuais ou coletivos.
Desse modo, os cidadãos alemães se sentiam participando do
processo de recuperação do país, além de protegidos e irmanados numa mesma
luta, pelos mesmos ideais. O cidadão mais humilde podia se sentir parte de um
bloco útil, indestrutível e coeso.
Os comícios espetaculares eram realizados preferencialmente
no início da noite. Um mar de bandeiras, jogos de archotes, musicas envolventes
e canhões de luzes (como nos shows dos dias de hoje) hipnotizavam os seguidores
do Fuhrer.
Ele chegava, discursava, levava a multidão à histeria e
desaparecia, pois o mito não deveria permanecer por muito tempo no mundo dos
simples mortais. Nas manifestações diurnas, Hitler chegava de avião, como se
fosse um deus pousando entre os seus seguidores.
A IDEOLOGIA NAZISTA
A ideologia nazista — vista em seus termos mais gerais — se
baseava no conceito de nação. Ela rejeitava a sociedade liberal e a democracia,
que gerariam divisões internas e o enfraquecimento
dessa nação. Para que tal enfraquecimento da coletividade
não ocorresse, seria fundamental a existência de um Estado forte, capaz de
fazer prevalecer os interesses coletivos sobre os individuais. Tal Estado se
encarnaria num grande líder, ser infalível e perfeito, que se comunicaria com o
povo por meio do partido único, o Partido Nazista. Este deveria enquadrar
hierarquicamente a sociedade, pois o poder e as ordens deveriam vir sempre de
cima, emanando, em princípio, da figura do líder. Ele seria, dessa forma, a
encarnação do todo coletivo, ao qual cada indivíduo deveria submissão e
obediência cega.
O que se disse anteriormente aplica-se, em princípio, aos
diferentes fascismos (italiano, francês, espanhol, etc.). O nazismo acrescentou
a essa base geral dois elementos que vão dar a ele um caráter
bastante diferenciado em relação aos demais movimentos: o
racismo e o anti-semitismo.
Na visão nazista de mundo, a base de todas as coisas era a
luta pela vida. Nessa luta, a raça mais forte estava destinada a vencer e
superar as outras. O que, porém, determinava a maior ou menor força de uma
raça? Não seria o número nem a engenhosidade, mas sim a pureza.
Hitler e seus seguidores identificavam na Alemanha
pré-nazista uma raça em decadência, devido à mistura com etnias inferiores e à
entrada de ideologias estrangeiras — como o liberalismo e o marxismo —, que
enfraqueciam a cultura germânica. Para salvar a Alemanha do abismo, o nazismo
se propunha a depurá-la e a purifica-la, recuperando a força da antiga raça
branca pura, a “raça ariana”,
da qual os alemães seriam os grandes herdeiros.
Após essa recuperação, a nação e a raça alemãs estariam
novamente fortes e poderiam iniciar a sua grande obra: o domínio das raças
inferiores da Europa e talvez do mundo todo, iniciando a era da civilização
ariana.
Em resumo, a ideologia nazista se baseava na luta racial, no
culto à força e ao poder, na submissão do indivíduo ao Estado, na primazia do
emocional sobre o racional. O que dava coerência às teorias nazistas, contudo,
era um outro aspecto de sua ideologia, talvez o mais conhecido: o
anti-semitismo.
O nazismo tinha, de fato, uma concepção delirante: se os
arianos representavam a luz do mundo, os judeus simbolizavam o mal.
Dificil de ser comprovada, essa visão animava Hitler e seus
adeptos: todo o mal do mundo se originaria dos judeus. Eles seriam responsáveis
pelas ideologias antiarianas, como o liberalismo e o comunismo, além de haver
causado a derrota alemã na Primeira Guerra e contaminado a raça branca. A sobrevivência
dessa raça dependeria da derrota dos judeus. Como se pode ver no filme A lista
de Schindler (dirigido por Steven Spielberg em 1993) e em documentários da
época, esse anti-semitismo foi levado a extremos horripilantes, como o massacre
programado dos campos de extermínio.
Foi a partir dessa doutrina que o nazismo pretendeu criar um
“novo homem” alemão, uma nova Alemanha e uma renovada e superior raça
dominante. Isso nos leva ao mundo da cultura nazista.
O “NOVO HOMEM”
NAZISTA
O novo homem nazista era um indivíduo que deveria diferir de
todos os que o antecederam e representar o melhor da raça germânica. Para
conhecer como foi levada a cabo a tentativa de cria-lo, talvez o melhor caminho
seja o estudo das instituições em que o nazismo acreditava estarem seus
melhores representantes: as tropas de choque AS e SS.
Nascidas com o nazismo para os combates de rua contra os
inimigos do partido, as AS sempre constituíram modelo de força, agressividade,
heroísmo e camaradagem. Dentro de suas fileiras, o homem encontraria
disciplinam, companheiros fiéis e um espírito de sacrifício que daria sentido a
sua vida. Individualmente, os milicianos AS nada valiam, mas coletivamente
representavam, até seu colapso em 1934, o que deveria ser o homem nazista.
As SS sofisticaram ainda mais esse papel de força de elite
do nazismo. Seu milicianos cultivavam uma mística de grupo especial, escolhido
por Deus para servir à “raça ariana” e à Alemanha. Assim como os AS, eles
valorizavam a lealdade e a bravura, o espírito de sacrifício, a obediência cega
e automática ao chefe. Considerado a elite da elite ariana, deveriam cumprir
todas as tarefas que lhes fossem confiadas, ainda que isso implica-se – como de
fato implicou – a morte de milhões de pessoas.
Outros aspectos da civilização nazista poderiam ser
abordados, como a criação de uma “ciência ariana” que deveria introduzir a
ideologia nazista em todos os campos do conhecimento, ou a idealização da vida
rural, na qual os camponeses eram visto, miticamente, como a reserva moral da raça
alemã. Seriam pontos interessantes, mas gostaríamos de chamar a atenção do
leitos para outro aspecto do nazismo. Nas páginas anteriores, fizemos alusão ao
“novo homem” nazista. A palavra “homem” utilizada aqui não é sinônimo de
espécie humana, mas se refere apenas ao macho da espécie, ao homem, ao gênero
masculino. E as mulheres?
Toda a cultura e a arte nazista eram projetadas para
dignificar a mulher, mas apenas um tipo especial de mulher: a mãe, a
reprodutora. Em quadros, filmes e livros, a imagem é sempre a mesma: mulheres
loiras, quase sempre camponesas, com todos os atributos da beleza e da
feminilidade, voltadas sempre para o que o regime considerava a missão das
nazistas: cuidar do lar e da casa para o marido envolvido no mundo do trabalho
e da guerra e providenciar o nascimento contínuo de arianos para substituir os
caídos em combate. Leis, condecorações, prêmios, tudo foi usado para convencer
a mulher alemã de seu destino e de seu dever: colaborar, com filhos, para a
política demográfica do regime e, assim, dar o seu quinhão para a glória e a
sobrevivência da “raça ariana”.
Os arianos: denominação “ariano” tradicionalmente se refere
aos antigos povos que teriam formado a população da Europa, de parte da Índia e
da antiga Pérsia e que, até hoje, falariam línguas aparentadas. Na mitologia
nazista, contudo, a idéia era a de que os arianos seriam os fundadores da raça
branca e uma das obsessões da ciência do regime era determinar justamente o
ponto exato de seu surgimento.
EXERCÍCIOS
1-
O que apregoava o nazi-fascista?
2-
Quem eram no inicio os militantes do partido
nazi-fascista?
3-
Como se coportavam os militantes do partido
nazi-fascista?
4-
Qual era o objetivo maior do partido nazi-fascista?
5-
Qual era o outro objetivo da vertente alemã?
6-
Qual era a estratégia de Hitler quanto a propaganda?
7-
Fale sobre a teoria da oratória.
8-
O que pensava Hitler sobre as massas?
9-
Como eram os comícios?
10- Fale sobre a ideologia nazista.
11- Qual
era a visão nazista de mundo?
12- Como era o novo homem nazista?
13- Como surgiu a AS e a SS?
14- Qual o papel da mulher na sociedade nazista?
15- Qual
era a denominação de ariano?
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